domingo, 26 de dezembro de 2010

Capítulo I

UM MOVIMENTO DE REFORMA DENTRO DA IGREJA

Necessidade
Características O coração da reforma: a pregação da mensagem a Laodicéia e a justificação pela fé O segredo da vitória Conclusão.


Quando o inspirado profeta Joel, há mais de 27 séculos, com base na visão divina, referiu-se ao dia de Deus, escreveu:
Se bem tenham estas palavras uma aplicação histórica imedi-ata aos tempos do Velho Testamento, quando Israel seria invadido por um povo inimigo, a razão pela qual foram preservadas é que se referem particularmente ao tempo do fim, ao
Tocai a buzina em Sião, e clamai em alta voz no monte da Minha santida-de. Perturbem-se todos os moradores da Terra, porque o dia do Senhor vem, ele está perto; dia de trevas e de tristeza; dia de nu-vens e de trevas espessas, como a alva espalhada sobre os montes.Joel 2:1 e 2.dia do Senhor, vés-peras do regresso de Cristo à Terra. A mensagem convida a que se toque a buzina em Sião, ou seja, na igreja; a dar alarma no monte santo de Deus ou seja, o Seu povo; porque ocorreriam aconteci-mentos de tal magnitude que fariam tremer a todos os moradores do mundo.
Em vista dos tremendos acontecimentos que estariam para ocorrer no
Ainda assim, prossegue o profeta, agora mesmo diz o Se-nhor: Convertei-vos a Mim de todo o vosso coração; e isso com jejuns, e com choro, e com pranto. E rasgai o vosso coração, e não os vossos vestidos, e convertei-vos ao Senhor vosso Deus; porque Ele é misericordioso, e compassivo, e tardio em irar-Se, e grande em beneficência, e Se arrepende do mal … Tocai a buzina em Sião, santificai um jejum, proclamai um dia de proibição; congregai o povo‘, santificai a congregação. … Chorem os sacerdotes, minis-tros do Senhor, entre o alpendre e o altar, e digam: Poupa a Teu povo, ó Senhor.Versos 12-17.dia do Senhor, a igreja devia ser despertada por uma
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voz de alarma, e o povo devia ser chamado a uma conversão autên-tica, profunda, e de todo o coração. Em outras palavras, devia efe-tuar-se uma reforma espiritual no seio da igreja, em preparação para os grandiosos acontecimentos do fim.
Não há dúvida de que temos chegado à própria véspera da hora suprema, e de que este chamado para uma conversão genuína e uma reforma cabal na vida de cada um, deve ressoar por todos os recantos de Sião.
É isto o que a serva do Senhor, por autoridade divina, estabe-leceu faz anos, nos seguintes parágrafos inspirados:
Necessidade de Uma Reforma
―Um reavivamento da verdadeira piedade entre nós, eis a m
a-jor e a mais urgente de todas as nossas necessidades. Buscá-lo, de-ve ser nossa primeira ocupação. (SC 53). Importa haver diligente esforço para obter a bênção do Senhor, não porque Deus não esteja disposto a outorgá-la, mas porque nos encontramos carecidos de preparo para recebê-la. Nosso Pai celeste está mais disposto a dar Seu Espírito Santo àqueles que Lho peçam, do que pais terrenos o estão a dar boas dádivas a seus filhos. Cumpre-nos, porém, medi-ante confissão, humilhação, arrependimento e fervorosa oração, cumprir as condições estipuladas por Deus em Sua promessa para conceder-nos Sua bênção.‖ — 1ME 121.
―O povo de Deus não supo
rtará a prova a menos que haja um reavivamento e uma reforma entre o povo de Deus, mas esta deve começar sua obra purificadora entre os pastores.‖ — 1T 469.
―Haja uma reforma entre o povo de Deus.‖ —
MJ 317.
―Tem que ter lugar um reavivamento e reforma, s
ob o ministé-rio do Espírito Santo. Reavivamento e reforma são duas coisas di-ferentes. Reavivamento significa renovação da vida espiritual, uma vivificação das faculdades do espírito e do coração, um ressurgi-mento da morte espiritual. Reforma significa reorganização, mu-dança de idéias e teorias, hábitos e práticas. A reforma não produ-zirá os bons frutos da justiça a menos que esteja ligada a um reavi-vamento do Espírito. Reavivamento e reforma devem fazer a obra que lhes é designada, e para fazerem essa obra têm de se unir.‖ — Review and Herald, 25 de fevereiro de 1902, republicado em se 42.
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―Fiquei profundamente impressionada por cenas que me foram
recentemente apresentadas à noite. Parecia haver um grande mo-vimento uma obra de reavivamento ocorrendo em muitos lu-gares. Atendendo ao chamado de Deus, nosso povo se estava arre-gimentando. Irmãos, o Senhor nos está falando. Escutar-Lhe-emos nós a voz? Não espevitaremos nossas lâmpadas, e não agiremos como homens que esperam a vinda de seu Senhor? Este tempo exi-ge portadores de luz, requer ação.‖ — 3TS 441.
―Antes de os juízos finais de Deus caírem sobre a Terra, hav
e-rá, entre o povo do Senhor, tal avivamento da primitiva piedade como não fora testemunhado desde os tempos apostólicos. O Espí-rito Santo e o poder de Deus serão derramados sobre Seus filhos.‖ — GC 464.
Características da Reforma
Satanás, porém, tem estado a trabalhar
assiduamente para desviar a autêntica reforma espiritual que o Senhor quer operar no seio da igreja. Este tem sido o método do grande inimigo desde os dias antigos: adulterar o verdadeiro e oferecer uma falsificação, para promover a desordem, o caos e a perdição, em lugar da verda-deira conversão e a vida eterna.
Falsificação satânica da reforma
Declara a pena inspirada:
―Em todo
avivamento está ele (Satanás) pronto para introduzir os de coração não santificado e desequilibrados de espírito.,. Ne-nhuma reforma, em toda a história da igreja, foi levada avante sem encontrar sérios obstáculos. Assim foi no tempo de S. Paulo. Onde quer que o apóstolo fundasse uma igreja, alguns havia que profes-savam receber a fé, mas introduziam heresias que, uma vez aceitas, excluiriam finalmente o amor da verdade.‖ — GC 396.
―Germinara por toda parte a semente que Lutero lançara …
Passou (Satanás) a tentar o que havia experimentado em todos os outros movimentos de reforma enganar e destruir o povo apre-sentando-lhe uma contrafação em lugar da verdadeira obra. Assim como houve falsos cristos no primeiro século da igreja cristã, surgi-ram também falsos profetas no século dezesseis.‖ — GC 186.
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O mesmo que fez em épocas passadas tem o pai da mentira estado a fazer em nosso tempo. Procura hoje desorganizar o movi-mento adventista e confundir os filhos de Deus.
É assim que, tanto em nossa história como movimento, como particularmente nestes últimos anos, têm surgido inúmeros grupos dissolventes que a si mesmos se denominam
reformistas, quando na realidade só fazem destruir. Sua obra não resistiu à prova bíbli-ca: Por seus frutos os conhecereis.S. Mat. 7:16.
Espírito de discórdia e revolução
Um traço muito comum nos falsos movimentos de reforma é o espírito de discórdia, revolução e crítica destrutiva, particular-mente em relação aos dirigentes da igreja. Adverte o Espírito de Profecia:
―É chegado o tem
po para se realizar uma reforma completa. Quando esta reforma começar, o espírito de oração atuará em cada crente e banirá da igreja o espírito de discórdia e luta.‖ — 3TS 254. (SC 53).
Em outras palavras, o primeiro fruto de uma reforma é a eli-minação da discórdia, da crítica e do espírito de revolução dentre os que são por ela afetados.
Ao descrever vários dos falsos movimentos de reforma, a mensageira do Senhor diz o seguinte a respeito do promotor de um deles:
―Ele pensava que Deus havia passado por a
A respeito de outro ela escreveu:
lto todos os obrei-ros dirigentes e‘ havia dado a ele a mensagem.‖ Então diz ela que procurou ―mostrar-lhe que estava errado.‖ — 2ME 64.
―Disse ele que todos os dirigentes da igreja cairiam devido à
exaltação própria, é outra classe de homens humildes apareceria em cena, que fariam coisas maravilhosas. … Este homem pretendia crer nos testemunhos. Pretendia que eram a verdade, e os usava … para dar força e aparência de verdade a suas pretensões.‖ — 2ME 64 e 65.
Sobre este homem e sua mensagem, declarou ela:
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―Recebi esta palavra do Senhor: Não lhe deis crédito, porque Eu não o enviei.‖ Disse
-lhe ela que ―sua mensagem não era de Deus; que ele estava enganando os incautos.‖ — 2ME 65.
Ainda a respeito de outro, que pretendia ter uma mensagem especial para a igreja, escreveu ela:
―O mesmo espírito acusador estava nele, isto que (segundo
e-le) a igreja estava completamente errada e Deus estava chamando um povo que operaria milagres.‖ — 2ME 66.
Sempre que um desses assim chamados movimentos de re-forma suscite um espírito de crítica destrutiva contra os dirigentes da obra e contra a organização da igreja, fazendo eclodir o
Ainda que tais movimentos, para angariar adeptos, pretendam no início pertencer ao povo adventista e simulem manifestar zelo pela obra de Deus, terminam sempre na formação de setores sepa-ratistas. Não suportam a prova do tempo, embora às vezes causem grande mal temporariamente, desencaminhando pessoas sinceras mas não de todo firmadas na verdade.
espírito de discórdia e de revolução, saibamos desde logo, sem qualquer outra análise, que é Satanás que o encabeça, e que se trata de uma falsificação da verdadeira reforma.
Satanás age com energia e engano
―Em todo aviva
mento da obra de Deus o príncipe do mal está desperto para atividade mais intensa; aplica atualmente todos os seus esforços em preparar-se para a luta final contra Cristo e Seus seguidores.‖ — GC 593.
―Desperte do sono o povo de Deus, e inicie com fervor
a obra de arrependimento e reforma; investigue as Escrituras para apren-der a verdade como é em Jesus; faça uma consagração completa a Deus, e não faltarão evidências de que Satanás ainda se acha em a-tividade e vigilância. Com todo o engano possível manifestará ele seu poder, chamando em seu auxílio os anjos caídos de seu reino.‖ — GC 398.
Fanatismo
Entre as armas que o diabo usará para desmontar o plano de Deus de proclamar e promover uma reforma entre o Seu povo, fi-
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gura o fanatismo. Ele o fez nos dias dos apóstolos, na época da reforma protestante, e praticamente tendo como motivo todos os despertamentos religiosos.
―O fanatismo aparecerá em nosso próprio meio. Virão eng
a-nos, e de tal natureza que, se fora possível, desviariam até os esco-lhidos.‖ — 2ME 16.
―Lutero também sofreu grande perplexidade e angústia pelo procedimento de pessoas fanáticas … E os Wesley, e outros que
abençoaram o mundo pela sua influência e fé, encontraram a cada passo os ardis de Satanás, que consistiam em arrastar pessoas de zelo exagerado, desequilibradas e profanas, a excessos de fanatis-mo de toda sorte. Guilherme Miller não alimentava simpatias para com as influências que conduziam ao fanatismo. Declarou, como o fez Lutero, que todo o espírito deveria ser provado pela Palavra de Deus … Nos dias da Reforma, os inimigos desta assacavam todos os males do fanatismo aos mesmos que estavam a trabalhar com todo o afã para combatê-lo. Idêntico proceder adotaram os oponen-tes do movimento adventista.‖ — GC 396 e 397.
Todavia isto não há de ser motivo para resistir ao verdadeiro reavivamento a autêntica reforma que responde às características que irão sendo descritas adiante.
―Quando o Senhor opera mediante instrumentos humanos,
quando os homens são movidos com poder do alto, Satanás leva seus agentes a exclamar: ‗Fanatismo!‘ e a advertir o povo a não ir a extremos. Cuidem todos quanto a soltar esse brado; pois, conquan-to haja moedas falsas, isso não diminui o valor da que é genuína. Porque há reavivamentos e conversões espúrios, não se segue daí que todos os reavivamentos devam ser tidos em suspeita. Não mos-tremos o desprezo que os fariseus manifestavam quando disseram: ‗Este homem recebe pecadores.‘ S. Luc. 15:2‖ — OE 170.
Nova luz
Outro dos métodos que o arquienganador utiliza para ludibri-
ar as almas incautas é a proclamação de alguma‘ ‗nova luz‖. E cer-to que o povo de Deus poderá ir vendo ampliações das verdades fundamentais já solidamente estabelecidas. Dessa luz provirá a compreensão de profecias que se estão cumprindo. Porém devemos ter em conta a seguinte instrução:
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―Quando o poder de Deus testifica daquilo que é a verdade, e
s-sa verdade deve permanecer para sempre como a verdade. Não de-vem ser agasalhadas nenhumas suposições posteriores contrárias ao esclarecimento que Deus proporcionou.‖ — 1ME 161.
A autêntica nova luz deve ter os seguintes elementos identifi-cadores:
1)
Estará cem por cento em harmonia com a Palavra de Deus, e não corresponderá a alguma interpretação caprichosa ou carente de fundamento bíblico.
―Surgirão homens e mulheres proclamando possuir alguma
nova luz ou alguma nova revelação, e cuja tendência é abalar a fé nos marcos antigos. Suas doutrinas não resistem à prova da Palavra de Deus. Mesmo assim, almas serão enganadas.‖ — 2TS 107.
2)
Não contraditará nenhuma das verdades básicas }á solida-mente estabelecidas como pilares inamovíveis na organização do povo de Deus.
―Deus não dá a um homem luz contrária à estabelecida fé do
corpo de crentes. Em toda reforma, surgiram homens pretendendo isso.‖ — 2TS 103.
3)
Os que proclamam a nova luz não estarão enfatuados com a idéia de que são superiores a seus irmãos, e de que Deus os esco-lheu passando por alto o Seu povo. Esta é, de maneira geral, a posi-ção dos assim chamados movimentos de reforma.
―Deus
não esqueceu o Seu povo, escolhendo um homem iso-lado aqui e outro ali, como os únicos dignos de que lhes confie a verdade.‖ — 2TS 103.
―Ninguém confie em si mesmo, como se Deus lhe houvesse
conferido luz especial acima de seus irmãos. Cristo é representado como habitando em Seu povo.‖ — 2TS 103.
Características adicionais da verdadeira reforma:
1)
Espírito de oração.
2)
Espírito de sincera conversão.
3)
Espírito abnegado e generalizado de trabalho missioná-rio.
4)
Espírito de louvor e ação de graças.
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São esses os pensamentos que sugerem os seguintes parágra-fos inspirados:
―Em visões da noite passaram perante mim representações de
um grande movimento reformatório entre o povo de Deus. Muitos estavam louvando a Deus. Os enfermos eram curados, e outros mi-lagres eram operados. Viu-se um espírito de intercessão tal como se manifestou antes do grande dia de pentecoste. Viam-se centenas e milhares visitando famílias e abrindo perante elas a Palavra de Deus. Os corações eram convencidos pelo poder do Espírito Santo, e manifestava-se um espírito de genuína conversão. Portas se abri-am por toda parte para a proclamação da verdade. O mundo parecia iluminado pela influência celestial. Grandes bênçãos eram recebi-das pelo fiel e humilde povo de Deus. Ouvi vozes de ações de gra-ças e louvor, e parecia haver uma reforma como a que testemu-nhamos em 1844.‖ — 3TS 345.
O Coração da Reforma: A Pregação da Mensagem a Laodicéia e a Justificação pela Fé
A reforma se produzirá de maneira fundamental no seio da igreja como resultado da aceitação da mensagem da Testemunha Fiel à igreja de Laodicéia. É esta uma mensagem de Cristo a Sua igreja, que abate a enfatuação e o engano da justiça e suficiência próprias, produzindo um espírito de sincero arrependimento, con-fissão e limpeza do pecado, levando o contrito ao pé da cruz para aceitação da justiça de Cristo.
Na hora da crise por que passará a igreja não haverá meio-termo.
Os que não aceitam esta mensagem, e preferem continuar sendo mornos, formais, cheios de justiça própria, cairão durante a sacudidura e se perderão. Esclarece a mensageira do Senhor:
O que não é comigo, é contra Mim; e o que comigo não ajunta, espalha.S. Lucas 11:3. Os que aceitam esta franca mensa-gem de carinho (Apoc. 3:14-22), colherão em sua vida e em sua experiência benditos resultados, a saber: uma verdadeira conversão, separação do mundo, vitória sobre o pecado e entrega completa da vida a Deus. Esta é a essência da reforma autêntica que se há de produzir na igreja, bem como em cada coração individualmente.
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―Perguntei a significação da sacudidura que eu vira, e foi
-me mostrado que era determinada pelo testemunho direto contido no conselho da Testemunha Verdadeira à igreja de Laodicéia … Al-guns não suportarão esse testemunho direto. Levantar-se-ão contra ele, e isto é o que determinará a sacudidura entre o povo de Deus.‖ — PE 270.
Da maneira em que é esta mensagem recebida depende nada menos que o destino da igreja. Há de levar a profundo arrependi-mento. Todos que a recebem serão purificados:
―Vi que o testemunho da Testemunha Verdadeira não teve a
metade da atenção que deveria ter. O solene testemunho de que de-pende o destino da igreja tem sido apreciado de modo leviano, se não desatendido de todo. Tal testemunho deve operar profundo ar-rependimento; todos os que o recebem de verdade, obedecer-lhe-ão e serão purificados.‖ — PE 270.
Uma franca mensagem de carinho
Ao anjo da igreja que está em Laodicéia, escreve: Isto diz o Amém, a Testemunha Fiel e Verdadeira, o princípio da criação de Deus: Eu sei as tuas obras.Apoc. 3:14 e 15.
―A mensagem à igreja de Laodicéia é uma impressionante
a-cusação, e é aplicável ao povo de Deus no tempo presente.‖ — 1TS 327.
O autor da mensagem é ninguém menos que Cristo, nosso Salvador, e também nosso maior amigo. Ele é fiel e verdadeiro; ama-nos, porém não nos adula, porque quer nossa felicidade, nossa salvação. Ele nos fala com carinho e sinceridade. Sua mensagem é direta, porém plena de misericórdia.
Diz-nos:
Eu sei as tuas obras.Fala-nos Aquele que nos co-nhece, e conhece-nos melhor do que nós mesmos nos conhecemos, porque o coração humano é enganoso (Jer. 17:9). E é uma mensa-gem muito necessária, particularmente por causa da condição en-ganadora a seu próprio respeito e em que se encontra Laodicéia. Portanto, sendo que só Deus nos conhece, nossa atitude em face desta mensagem deve ser a do salmista: Sonda-me, ó Deus, e co-nhece o meu coração … e vê se há em mim algum caminho mau, e guia-me pelo caminho eterno.Sal. 139:23 e 24.
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Esta mensagem tem uma aplicação eminentemente individu-al, e seu resultado coletivo se produz tão-somente na medida em que cada um a aceite e pratique em sua vida pessoal. A Testemunha Fiel fala no singular.
És morno
Que nos diz Aquele que conhece nosso coração?
―Não és frio nem quente. Oxalá foras frio ou quente! As
Nos primeiros, tempos da história da igreja recebemos esta instrução:
sim, porque és morno, e não és frio nem quente, vomitar-te-ei da Mi-nha boca.Apoc. 3:15 e 16.
―A mensagem laodiceana aplica
-se ao povo de Deus que pro-fessa crer na verdade presente. A maior parte, são professos mor-nos, tendo o nome mas faltando-lhes o zelo … Aplica-se a esta classe o termo ―morno‖. Professam amar a verdade, todavia são de-ficientes no fervor e no devotamento cristão. Não ousam desistir inteiramente e correr o risco dos incrédulos; não se acham, no en-tanto, dispostos a morrer para o próprio eu e seguir exatamente os princípios de sua fé … Não se empenham inteiramente e de cora-ção na obra de Deus, identificando-se com seus interesses; mas se mantêm afastados, e estão prontos a deixar seus postos quando os interesses mundanos, pessoais o exijam. Carecem da obra interior da graça no coração.‖ — 1 TS 476 e 477.
Graças a Deus que muitos, por haverem permitido em sua vi-da a obra poderosa do Espírito, não participam desta condição de tibieza ou mornidão. Mas não deixa de ser penosa a realidade de que uma grande parte de Laodicéia é constituída de mornos que apenas professam a verdade. Isto reclama uma decidida reforma.
São quatro os elementos que produzem esta mornidão:
1)
São deficientes na devoção e fervor cristão.Necessi-tamos viver diariamente uma vida de comunhão com Deus, uma vida de oração e estudo de Sua Palavra. Urge darmos a devida consideração a nossas necessidades espirituais, para su-pri-Ias com o poder divino.
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2)
Não estão dispostos a morrer para o eu e a seguir de perto os princípios de sua fé.Uma conversão a meio não nos poderá salvar. Convertei-vos a Mim de todo o vosso cora-ção, diz o Senhor. Um coração dividido não nos dará a vitó-ria. Cristo pede a posse completa de nossa vida. O eu deve morrer definitivamente para que Cristo domine no trono do co-ração.
3)
Não se empenham de maneira cabal e de coração na obra, identificando-se com os seus interesses. Não dedicam suficiente tempo, interesse, trabalho e recursos na causa de Deus.
4)
Falta em seu coração a obra interior da graça.Deus quer realizá-la plenamente na vida de cada um de nós. Aquele que começou em vós a boa obra, diz Paulo, a aperfeiçoará até o dia de Jesus Cristo.Filip. 1:6. Graças a Deus que Ele quer, e pode fazê-lo. Mas necessita de nosso consentimento, nosso sincero interesse, nossa franca cooperação.
Vomitar-te-ei de Minha boca
A água morna produz náuseas, podendo ser administrada co-mo vomitório em caso de intoxicação. Também a indiferença e falta de conversão é repulsiva a Deus, e os que nela perseveram terão que ser despedidos do amoroso seio do Pai.
O coração de Jesus se compadece dessa mornidão e debilida-de. Expressa seu fervente desejo de que a situação mude:
Oxalá foras frio ou quente.
―Seria mais aceitável para o Senhor que os membros mornos
que professam a religião nunca se houvessem chamado pelo Seu nome. São um peso contínuo para os que desejam ser fiéis seguido-res de Jesus. São pedras de tropeço para os incrédulos.‖ — 1T 188.
Esta não necessita ser, porém, a situação de nenhum filho de Deus. A clareza da revelação divina se propõe levar ao nosso âni-mo o alarma que nos induza a uma reforma de vida, a qual se tra-duz por sua vez numa obra profunda e convertedora da graça de Cristo.
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A enfatuação espiritual e a justiça própria
O cerne da mensagem da Testemunha Fiel é constituído por esta outra alarmante revelação:
Os filhos de Deus que participam da condição de Laodicéia são apresentados numa posição de segurança carnal, e numa atitude de grave justiça própria. Estão tranqüilos. Crêem-se numa exaltada condição espiritual. Porém o seu estado é deplorável à vista de Deus. E eles não o sabem. Estão enganados.
Como dizes: Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta; e não sabes que és um desgraça-do, e miserável, e pobre, e cego, e nu.Apoc. 3:17.
―A mensagem de Laodicéia se aplica aos adventistas do sétimo
dia que têm recebido grande luz e não têm andado nela. São os que têm feito uma grande profissão mas não se têm mantido em passo com o seu Diretor, os que serão vomitados de Sua boca a menos que se arrependam.‖ — 2ME 66.
A mensagem quebranta sua segurança com 2, surpreendente denúncia de sua verdadeira situação de cegueira, pobreza e miséria espirituais.
Essa enfatuação é particularmente grave porque põe a sua ví-tima fora do alcance do poder redentor de Deus. O reconhecimento de nossa condição é requisito indispensável para que o plano res-taurador divino possa verificar-se em nosso favor.
Quem são, pois, os sãos, já que são não há nenhum? São os presumidos espirituais, os que estão cheios de justiça própria, como o fariseu da parábola. Não podem eles ser perdoados nem justifica-dos enquanto conservam sua atitude.
Daí, pois, o conselho:
Os sãos não necessitam de médico, mas, sim, os enfermos, declarou o Senhor. E acrescentou: Eu não vim chamar os justos, mas sim os pecadores.S. Marcos 2:17. A verdade, sem dúvida, é que não há um só justo, pois todos pecaram, e estão destituídos da glória de Deus. Rom. 3:10 e 23.Arrepende-te(verso 19). O arrepen-dimento implica: a) reconhecimento do pecado; b) tristeza pelo pecado; c) desejo de abandoná-lo. De que pode arrepender-se, po-rém, um coração cheio de justiça própria? Como pode alcançar o perdão e a misericórdia divina?
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Não há nada que torne mais inacessível ao coração o poder do evangelho do que esta soberba espiritual, este engano, esta justi-ça própria. E o pólo oposto da justificação pela fé, caminho único para alcançar perdão e vitória.
Este sentimento de
Esta mensagem nos beneficiará se oferecermos nossa volun-tária cooperação e sincero interesse. Declarou a pena inspirada:
sou ricoé talvez o grau mais absoluto da justiça própria, que o profeta Isaías classifica como‘ ‗trapos de imundícia. Isa. 64:6. O que participa desse espírito possui uma vida desprovida de frutos, como a figueira estéril, que apesar de ostentar abundante folhagem de presunção, carecia por completo de frutos. Com razão queria Paulo fugir dessa condição, quando disse: Não tendo a minha justiça que vem da lei, mas a que vem pela fé em Cristo, a saber, a justiça que vem de Deus pela fé.Filip. 3:9.
―Foi
-me mostrado que o testemunho aos de Laodicéia se apli-ca aos filhos de Deus da atualidade, e que o motivo pelo qual não foi realizada uma grande obra é a dureza dos seus corações. Porém Deus tem dado à mensagem tempo para fazer sua obra. O coração deve ser purificado dos pecados que por tanto tempo têm excluído a Jesus. Esta terrível mensagem fará sua obra.
―Quando foi apresentado pela primeira vez, levou a um íntimo
esquadrinhamento do coração. Os pecados foram confessados, e o povo de Deus foi comovido por toda parte.
―Tem por objetiv
o despertar os filhos de Deus, revelar-lhes seus erros, e levá-los a um zeloso arrependimento, para que sejam favorecidos pela presença de Deus e preparados para o forte clamor do terceiro anjo.‖ — 1T 185 e 186.
Um remédio eficaz
A amorável mensagem da Testemunha Fiel, porém, não se limita à denúncia da triste condição espiritual de Laodicéia. Ela não somente diagnostica a doença com pleno conhecimento de sua cau-sa, mas oferece o remédio
um remédio radical para curar a alma de seus males. É realmente uma mensagem de consolo. Aconse-lho-te, diz Jesus, que de Mim compres ouro provado no fogo, para que te enriqueças; e vestidos brancos, para que vistas, e não
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apareça a vergonha da tua nudez; e que unias os teus olhos com colírio, para que vejas.
A tríplice condição do povo de Laodicéia
Que representam estes três símbolos?
Verso 18.pobre, cego, nu cura-se com o tríplice e maravilhoso remédio do Céu: a) ouro purificado no fogo, para enriquecer; b) vestidos brancos, para co-brir a nudez; c) colírio, para ver.
―O ouro aqui recomendado como tendo sido provado no fogo,
é fé e amor. Ele enriquece o coração; pois foi purgado até tornar-se puro, e quanto mais é provado tanto mais intenso é seu brilho.
―Os vestidos brancos são a pureza de caráter, a justiç
a de Cris-to comunicada ao pecador. E na verdade uma vestimenta de textura celeste, que só se pode comprar de Cristo por uma vida de voluntá-ria obediência.
―O colírio é aquela sabedoria e graça que nos habilitam a di
s-tinguir entre o mal e o bem, e perceber o pecado sob qualquer dis-farce.‖ — 1TS 477 e 478.
A fé e o amor
A fé e o amor, representados pelo ouro refinado no fogo, são dois importantes frutos do Espírito Santo. Sobre sua importância a Sra. White escreve:
―Foi
-me mostrado que o ouro mencionado por Cristo, a Tes-temunha Fiel, que todos devemos possuir, é a fé e o amor combi-nados, e o amor precede a fé. Satanás está trabalhando constante-mente para tirar do coração do povo de Deus estes preciosos dons. Todos estão empenhados no jogo da vida. Satanás sabe muito bem que se conseguir extirpar o amor e a fé, colocando em seu lugar egoísmo e incredulidade, todos os traços preciosos restantes serão habilmente eliminados por suas mãos enganadoras, e o jogo estará perdido.‖ — 2ME 36 e 37.
O amor é a essência e a maior súmula da lei, o supremo prin-cípio guiador de uma vida convertida, semelhante à de Cristo. Sem amor não há cristianismo, pois o apóstolo diz:
Aquele que não ama não conhece a Deus, porque Deus é caridade (amor).I S. Jo-ão 4:8.
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O amor transforma radicalmente o panorama da vida (Gál. 5:19-23). Elimina a ambição e egoísmo, criando a generosidade, a benevolência, o interesse no progresso da obra e no bem-estar do próximo.
O amor anula os ressentimentos, a inveja e os ciúmes, substi-tuindo-os por bondade, longanimidade e cordialidade. Dissipa as contendas e a luta desleal; mata a ambição egoísta; neutraliza o ódio; apaga o rancor e a ira, e introduz a paz, a boa vontade e o gozo. Afugenta o temor e a desconfiança.
Juntamente com o perdão do pecado obtido pela fé em Cristo, o amor é a terapia mais admirável para os males do espírito, a me-lhor solução para os problemas emocionais, e por sua vez um pode-roso medicamento para a cura de muitas enfermidades psicossomá-ticas.
A única forma de ter amor é apropriar-se de sua fonte bendi-ta: Cristo Jesus. Por isto o apóstolo Paulo aconselha:
A fé, por sua vez, junto com o amor, nos permite viver cons-tantemente na plácida atmosfera do Céu. Estabelece entre nossa alma e Deus um vínculo tão inquebrantável que nada nem ninguém pode romper, exceto o pecado. Torna acessível a nós o perdão de Deus e o Seu poder para viver uma vida que valha a pena. Põe à nossa disposição 9 cumprimento de todas as promessas de Deus. E um princípio ativo que se manifesta na vida por meio de uma obe-diência voluntária aos mandamentos do Senhor.
Para que Cristo habite pela fé em vossos corações; a fim de, estando arraiga-dos e fundados em amor, poderdes perfeitamente compreender … o amor de Cristo.Efés. 3:17. Quando Cristo faz Sua entrada triunfal no coração e toma posse da vida — ―vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim(Gál. 2:20) o amor chega a ser a motivação su-prema: O amor de Cristo nos constrange.II Cor. 5:14.
A Justificação pela fé
Os vestidos brancos, que representam a justiça de Cristo apli-cada à vida do pecador, constituem um manto de confecção celesti-al, feito diretamente nos teares do Céu. Estes vestidos só podem ser obtidos pela fé.
Preparação para a Crise Final 41
O problema da obtenção da justiça por parte do homem‘ é tão
O pecado constitui a pior de todas as enfermidades humanas. Separa o homem de Deus e o sub-merge na tristeza e no desespero. Uma grande proporção dos milhares e milhares de enfermos neuró-ticos que desfilam pelos consultórios médicos e psiquiátricos em busca de alívio estão atormentados pelo sentimento de culpa. Faz algum tempo fiquei profundamente impressionado enquanto viaja-va por algumas importantes cidades latino-americanas, ao ver lon-gas filas de homens e mulheres, jovens e anciãos, esperando a vez de ajoelhar-se ante um confessionário. Em algumas igrejas havia até seis longas filas desse tipo. Eram almas que buscavam a justifi-cação.
Há dois métodos ensaiados pelos homens para alcançar a jus-tificação. O primeiro é o esforço próprio, ou seja, o cumprimento da lei, na prática de obras meritórias a fim de alcançar o favor de Deus. Este é o método mais generalizado. Mas é antibíblico e com-pletamente ineficaz. O outro método consiste em reconhecer a pró-pria incapacidade, manifestando então fé no sacrifício de Cristo em nosso favor. Este é o único caminho que leva a Deus.
A verdade é que os próprios filhos de Deus podem perder de vista às vezes uma das verdades mais importantes da Bíblia, qual
A tendência do que pertence a Laodicéia é deixar-se induzir à justiça própria. Pode chegar a pensar que pelo fato de conhecer este maravilhoso conjunto de verdades bíblicas, solidamente estabeleci-das e logicamente elaboradas, adquiriu uma excelência espiritual que o coloca acima dos demais cristãos. Deixa-se tentar com o pen-samento de que a observância dos preceitos da santa lei de Deus lhe
antigo como o pecado. Desde o dia em que nossos primeiros pais violaram a lei de Deus e se tornaram passíveis de morte eterna, a humanidade tem estado a buscar com ansiedade a maneira de al-cançar de novo a justiça, ou seja, um estado espiritual que a recon-cilie com Deus. O homem tem sentido genericamente através de sua história o peso da culpabilidade. Um dos amigos de Jó expres-sou-o numa angustiosa pergunta do fundo da alma: Como, pois, se justificaria o homem para com Deus?Jó 25:4.seja a de que‘ ‗nenhuma carne será justificada diante dEle pelas obras da lei. Rom. 3:20.
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granjeia o favor divino e lhe abre as portas do Céu como um direi-to, chegando a arrazoar como o fariseu da parábola. É possível que comece a dizer a si mesmo, quando não em voz alta:
Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta.Mas o Senhor lhe responde: Não sabes que és um desgraçado, e miserá-vel, e pobre, e cego, e nu.E então lhe indica o remédio: Aconse-lho-te que de Mim compres … vestidos brancos‖, vale dizer, a jus-tiça única que tem valor, a justiça de Cristo.
As boas obras, como veremos mais adiante, entram no quadro de nossa salvação, não como algo feito para nos justificarmos, não como argumento para alcançar o favor divino, não como o preço para comprar o Céu. As boas obras, a obediência, aparecem como resultado de nossa justificação, co-mo uma evidência de nossa fé, como demonstração do poder de Deus que atua em nossa vida, e como preparação para a vida eterna. Porém o único direito à vida eterna é mediante a justiça de Cristo que nos é imerecidamente imputada por Ele, na base de nossa fé.
Todos nós somos como imundos, e todas as nossas justiças como trapos de imundícia, diz o profeta Isaías. Coisa alguma que o homem faça para ganhar o favor de Deus tem valor algum. Os únicos méritos que o homem pode invocar são os de Cristo, que está disposto a lançar sobre a vergonha de nossa nudez o manto puríssimo de Sua perfeita justiça.
A aquisição, porém, deste maravilhoso vestido branco que Cristo nos oferece tem condições indispensáveis:
Regozijar-me-ei muito no Senhor, declara Isaías, o profeta evangélico, a minha alma se alegra no meu Deus; porque me ves-tiu de vestidos de salvação, me cobriu com o manto de justiça.Isa. 61:10. Somente quando este manto admirável feito da morte expiatória de Cristo e de Sua vida perfeita em nosso favor cobre a nudez humana, o homem aparece perfeito à vista de Deus, e é justificado com a única justiça eficaz, que é a justiça de Cristo.
1)
O reconhecimento da própria pecaminosidade, incapa-cidade e indignidade. Em outras palavras, um arrependimento sincero. Por isto a mensagem de Laodicéia é uma mensagem de arrependimento. Arrepende-te, diz Cristo. Afasta o teu
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orgulho, abandona tua enfatuação espiritual. Quebranta o teu coração diante do Senhor ao cair sobre a Rocha da tua salva-ção.
2)
O apropriar-se pela fé da justiça de Cristo, que Ele de-seja primeiro imputar-nos, e então conceder-nos.
A pena inspirada expõe em breves parágrafos, porém magis-trais, a verdadeira essência da justificação pela fé.
Concluímos pois, diz Paulo, que o homem é justificado pela fé sem as obras da lei.Rom. 3:28.
―O que é justificação pela fé? —
É a obra de Deus ao lançar a glória do homem no pó e fazer pelo homem aquilo que ele por si mesmo não pode fazer.‖ — TM 456.
Duas classes de justiça
Em outra magnífica condensação do problema, a serva de Deus diz:
―É imputada a justiça pela qual somos justificados; aquela pela
qual somos santificados, é comunicada. A primeira é nosso título para o Céu; a segunda, nossa adaptação para ele.‖ — MJ 35.
Neste parágrafo tão iluminador, são-nos patenteados dois momentos distintos do processo de nossa salvação, dois aspectos diversos do plano de redenção, que são de certa forma sucessivos, porém simultâneos; duas diferentes fases da mesma justiça de Cris-to, a única que satisfaz a Deus e nos faz santos. Analisemos de forma esquemática estas duas fases:
A)
A Justiça de Cristo pela qual somos justificados:
1.
É-nos imputada, vale dizer, creditada, adjudicada gra-tuitamente, sem merecimento de nossa parte.
2.
É nosso direito ao Céu. É o único mérito que podemos invocar.
3.
Justifica-nos, quer dizer, converte-nos em justos à vista de Deus.
4.
Recebemo-la exclusivamente pela fé, de maneira gratui-ta e imerecida.
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Efés. 2:8 e 9: Pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós; é dom (presente) de Deus; não vem das obras, para que ninguém se glorie.‖ – Rom. 3:24: Sendo justificados gratuitamente por Sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus.‖ – Rom. 5:1: Sendo pois justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo.
5.
A fé implica arrependimento, confissão e aceitação de Cristo como Salvador. Significa que nós outros vamos a Deus; que nos salvamos na base do plano de que, se pedirmos, rece-beremos aquilo que solicitamos.
B)
A justiça de Cristo pela qual somos santificados:
1.
É-nos concedida num processo paulatino e interno de crescimento cristão.
2.
É nossa idoneidade, ou preparo para o Céu.
3.
Santifica-nos, ou seja, converte-nos em santos, trans-formando nosso caráter.
4.
Também a recebemos por meio da fé.
A santificação ou justiça comunicada
As vestes brancas que a Testemunha Fiel nos aconselha a de-la comprar representa a justificação, ou seja, a justiça imputada de Cristo, por meio da qual a nudez se cobre e o pecado fica perdoado. Representam também a etapa seguinte e complementar, a santifica-ção, ou seja, a justiça comunicada. Esta abarca a vitória sobre o pecado, a transformação paulatina do caráter, o crescimento cristão, o triunfo sobre as fraquezas e imperfeições.
Ao passo que a justificação é um fenômeno instantâneo
O certo é que a santificação e a vitória sobre o pecado são um complemento indispensável da justificação ou o perdão de Deus. Seria tão ilógico conformar-se com o primeiro passo sem o segun-do, como ilógico seria permanecer alguém na ante-sala no caso de
pois Deus nos perdoa e nos purifica no momento mesmo em que nos arrependemos, confessamos o pecado e pedimos perdão (I S. João 1:7-9) a santificação é um processo que dura toda a vida.
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uma audiência, quando é chegado o momento de termos a entrevis-ta e somos convidados a entrar para falar com quem desejamos.
~~~~~~
A cruz grande representa o momento em que o pecador aceita a Cristo, arrepende-se de seus pecados e os confessa pela primeira vez. Imediatamente a justiça de cristo lhe é imputada e ele é perdoado. Dá-se o novo nascimento e inicia-se uma nova vida em busca da perfeição.
Não obstante, em sua marcha progressiva, o homem convertido pode cair. Cada vez que isso acontece, repete-se a experiência da justiça imputada e o permite receber perdão. Assim o homem levanta-se para continuar sua marcha ascendente. Deste modo, o processo da justiça co-municada
que o prende ao ideal combina-se com a justiça imputada que o leva a reconcili-ar-se com Deus.
~~~~~~
A paz outorgada pelo perdão e a reconciliação com Deus tor-na-se muito breve se não é acompanhada de um processo de mu-dança de vida que nos faça odiar o pecado e nos permita abandoná-lo, alcançando sempre maiores alturas.
A justificação é nosso direito ao Céu. O ladrão na cruz, sem ter tido oportunidade de viver um apreciável período de tempo de-pois do perdão do pecado, foi salvo. A aplicação da justiça imputa-da de Cristo nos apresenta perfeitos e completos à vista do Céu. Deus, olhando das alturas, já não vê nossos andrajos espirituais, não vê a vergonha de nossa nudez, mas sim o precioso manto de perfeição com que nos cobriu. Não vê a história do pecado do ho-mem arrependido e contrito, mas a perfeição absoluta da vida de Cristo, que por ele Viveu e morreu.
Mas o direito ao Céu não basta. Necessitamos da idoneidade para viver ali. Necessitamos da preparação para isto. Se ganhásse-mos um concurso em virtude do qual uma companhia de aviação
Produzi, pois, frutos dig-nos de arrependimento.S. Mat. 3:8.
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nos outorgasse uma passagem gratuita para viajar por algum país extremamente frio, teríamos ainda de prover
nos de roupa apro-priada para o tempo em que ali permanecêssemos. Portanto o Se-nhor espera de nós que preparemos o nosso caráter para o Céu, que nos exercitemos na obediência a Sua vontade e a Seus preceitos, que andemos na luz que Ele faz resplandecer em nosso caminho, que avancemos cada dia um passo mais no caminho da perfeição. E assim poderemos ser sempre perfeitos com relação a nossa idade em Cristo, cumprindo o mandamento de Jesus: Sede vós perfeitos, como é perfeito o vosso Pai que está no Céu.‖ S. Mat. 5:48.
O Segredo da Vitória
Também para alcançar esses resultados temos de depender por completo de Cristo. A base da justiça comunicada é igualmente a fé. Porém a fé é um princípio ativo que nos induz a renunciar ao eu, e a entregar-nos inteiramente ao Senhor para que Ele viva em nós.
A distância entre a perfeição relativa a nossa esfera
Por outro lado, Cristo não só cumpriu a lei na cruz, pagando a pena exigida por esta de nós, mas também cumpriu a lei vivendo em nós e dando-nos a vitória.
A santificação é a obra de Deus em nossa vida. À mulher a-dúltera, depois de perdoada, Cristo disse:
que pela graça de Deus tivermos alcançado e a perfeição absoluta que é o alvo final, o Senhor Jesus Cristo a supre em todo o momen-to com Sua justiça imputada. Porque Ele não só nos imputa ou atri-bui os méritos de Seu sangue o que nos livra da morte mas também nos atribui os méritos de Sua vida perfeita.Vai, e não peques mais.S. João 8:11. O apóstolo Pedro faz-se eco do plano de Deus para o homem, quando diz: Como é santo Aquele que vos chamou, sede vós também santos em toda a vossa maneira de viver.I S. Ped. 1:15. E o apóstolo S. João declara: Estas coisas vos escrevo, para que não pequeis.I S. João 2:1. E mais tarde explica: Qualquer que é nascido de Deus não comete pecadode maneira voluntária (I S. João 3:9).
~~~~~~
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A justiça imputada, de Cristo, não só produz o perdão do pecado, em virtude da morte ex-piatória de Jesus, mas aplica os méritos da vida perfeita do Mestre ao pecador, Dessa maneira, a diferença entre a perfeição comunicada e o nível da norma perfeita [diferença (B) que implica em uma mudança na vida do homem], é suprida por Cristo, por meio de Sua justiça imputada.
~~~~~~
Claro está que ao longo de nossa penosa marcha ascendente pelo caminho da santificação, ocorrem acidentes, quedas, pecados. Uma e outra vez querem as velhas fraquezas voltar a manifestar-se. Por isto a Palavra nos consola com a maravilhosa certeza do perdão de Deus alcançado por meio de Cristo. Conquanto João diga:
Es-tas coisas vos escrevo para que não pequeis, ele completa a frase com a grande promessa divina: Mas se alguém pecar, temos para com o Pai um Advogado, Jesus Cristo, o justo.E o sangue de Je-sus Cristo, Seu Filho, nos purifica de todo pecado.I S. João 2:1 e 7.
―Se está no coração
obedecer a Deus, se são feitos esforços nesse sentido, Jesus aceita esta disposição e esforço como o me-lhor‘ serviço do homem, e supre a deficiência, com Seu próprio mérito divino.‖ — 1ME 382.
Assim se amalgamam e se integram de maneira harmoniosa, completando-se mutuamente, a justiça imputada e a justiça comu-nicada. São em essência uma mesma coisa, sob dois aspectos.
―Mais elevado do que o sumo pensamento humano pode ati
n-gir, é o ideal de Deus para com Seus filhos. A santidade, ou seja, a semelhança com Deus, é o alvo a ser atingido. A frente do estudan-te existe aberta a senda de um contínuo progresso. Tem ele um ob-
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jetivo a realizar, uma norma a alcançar, os quais incluem tudo que
é bom, puro e nobre.‖ — MJ 40.
Os vestidos brancos de Apocalipse são também mencionados por Jesus na parábola das bodas, em S. Mat. 22:11-13. Havia para a festa um vestido especial previsto. O que recusou pô-lo foi expulso. Ninguém poderá participar da ceia das bodas do Cordeiro a não ser que se despoje de seu próprio caráter maculado e obtenha o caráter perfeito de Cristo.
―Pela veste nupcial da parábola é representado o caráter puro e imaculado, que os verdadeiros seguidores de Cristo possuirão … A
justiça de Cristo, Seu próprio caráter imaculado, é, pela fé, comu-nicada a todos os que O aceitam como Salvador pessoal.‖ — PJ 310.
Uma mensagem de reforma
Portanto, a mensagem de Laodicéia não é somente uma men-sagem de arrependimento e justificação pela fé, mas também um convite divino para que se adquira o perfeito caráter de Cristo, Sua justiça, Sua santidade. É uma mensagem de reforma.
Sem dúvida que o processo de santificação é árduo e perma-nente. A santificação não é obra de um momento: é a colheita de toda uma existência. Mas embora se trate de uma dura batalha con-tra as potências do mal, já se inicia com a promessa de triunfo.
―Cristo, porém, não nos deu garantia alguma de que é fácil a
l-cançar perfeição de caráter. Não se herda caráter perfeito e nobre. Não o recebemos por acaso. O caráter nobre é ganho por esforço individual mediante os méritos e a graça de Cristo … E formado por combates árduos e renhidos com o próprio eu. As tendências herdadas devem ser banidas por um conflito após outro. Devemos esquadrinhar-nos detidamente e não permitir que permaneça traço algum incorreto.‖ — MJ 99.
Mas apesar das dificuldades que juncam o caminho na con-quista de um caráter santo, trata-se de um alvo atingível. Deus nun-ca pede impossibilidades. Suas ordens são habilitações.
―Ninguém diga: Não posso remediar meus defeitos de caráter.
Se chegardes a esta decisão, certamente deixareis de alcançar a vi-da eterna. A impossibilidade está em nossa própria vontade. Se não
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quiserdes não vencereis. A dificuldade real vem da corrupção de um coração não santificado, e da involuntariedade de se submeter à
direção de Deus.‖ — MJ 99.
Temos de aprender a renunciar a nós mesmos e entregar-nos voluntariamente a Cristo,
Àquele que é poderoso para vos guardar de tropeçar, e apresentar-vos irrepreensíveis, com alegria, perante a Sua glória.S. Judas 24. Temos de aprender a depender em todo momento dAquele que nos disse: ‗‗:Sem Mim nada podeis fazer‖ (S. João 15:5), e É-Me dado todo o poder no Céu e na Terra. S. Mat. 28:18. Então, com Paulo poderemos dizer: Tudo posso nA-quele que me fortalece.Filip. 4:13. Aquilo que é impossível em virtude da debilidade da carne, Deus torna possível por meio de Cristo. (Rom. 8:3) Com o apóstolo exclamaremos: Graças a Deus, que sempre nos faz triunfar em Cristo Jesus!II Cor. 2:14.
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A roda da fé nos leva pelo aclive da santificação às alturas da vitória.
Mas o eixo dessa roda é Cristo. Cristo é o Salvador.
~~~~~~
Na base de toda esta experiência de triunfo está a fé.
Esta é a vitória que vence o mundo, diz João, a nossa fé.I S. João 5:4. A fé é a roda potente que nos faz ascender à encosta da santificação rumo às alturas da vitória; mas o poderoso eixo dessa roda é Cristo. NEle se concentra nossa esperança e nossa fortaleza. A fé por si só não é o elemento salvador, mas Cristo, sim, é o Salvador.
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É a fé que nos leva a fazer uma entrega permanente, voluntá-ria e completa. Dá-se então o grande milagre: Cristo triunfa em nós e por nós.
―Quando a alma se rende inteiramente a Cristo, novo poder
toma posse do coração. Opera-se uma mudança que o homem não pode absolutamente operar por si mesmo. E uma obra sobrenatural introduzindo um sobrenatural elemento na natureza humana. A al-ma que se rende a Cristo, torna-se Sua fortaleza, mantida por Ele num revoltoso mundo … Uma alma assim guardada pelos seres ce-lestes, é inexpugnável aos assaltos de Satanás.‖ — DTN 324.
Conclusão
A mensagem da Testemunha Fiel, é pois, não apenas uma mensagem de justificação e de perdão, não só um chamado ao arre-pendimento, mas também uma mensagem de conversão total, de santificação, de reforma de vida. Esta é a verdadeira reforma que logo terá de realizar-se entre o povo de Deus, e que acelerará o der-ramamento do poder divino, na forma da chuva serôdia, a pregação do evangelho eterno e o selamento. Esta é a reforma de vida que cada um de nós necessita para transpor triunfante o tempo de an-gústia e receber o Senhor com grande alegria. Esta é a experiência que nos permitirá estar preparados para viver com Deus e com Cristo pela eternidade.

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