UM MOVIMENTO DE REFORMA DENTRO DA IGREJA
Necessidade
— Características — O coração da reforma: a pregação da mensagem a Laodicéia e a justificação pela fé — O segredo da vitória — Conclusão.Quando o inspirado profeta Joel, há mais de 27 séculos, com base na visão divina, referiu-se ao dia de Deus, escreveu:
Se bem tenham estas palavras uma aplicação histórica imedi-ata aos tempos do Velho Testamento, quando Israel seria invadido por um povo inimigo, a razão pela qual foram preservadas é que se referem particularmente ao tempo do fim, ao
―Tocai a buzina em Sião, e clamai em alta voz no monte da Minha santida-de. Perturbem-se todos os moradores da Terra, porque o dia do Senhor vem, ele está perto; dia de trevas e de tristeza; dia de nu-vens e de trevas espessas, como a alva espalhada sobre os montes.‖ Joel 2:1 e 2.―dia do Senhor‖, vés-peras do regresso de Cristo à Terra. A mensagem convida a que se toque a buzina em Sião, ou seja, na igreja; a dar alarma no monte santo de Deus ou seja, o Seu povo; porque ocorreriam aconteci-mentos de tal magnitude que fariam tremer a todos os moradores do mundo.―
Em vista dos tremendos acontecimentos que estariam para ocorrer no
Ainda assim‖, prossegue o profeta, ―agora mesmo diz o Se-nhor: Convertei-vos a Mim de todo o vosso coração; e isso com jejuns, e com choro, e com pranto. E rasgai o vosso coração, e não os vossos vestidos, e convertei-vos ao Senhor vosso Deus; porque Ele é misericordioso, e compassivo, e tardio em irar-Se, e grande em beneficência, e Se arrepende do mal … Tocai a buzina em Sião, santificai um jejum, proclamai um dia de proibição; congregai o povo‘, santificai a congregação. … Chorem os sacerdotes, minis-tros do Senhor, entre o alpendre e o altar, e digam: Poupa a Teu povo, ó Senhor.‖ Versos 12-17.―dia do Senhor‖, a igreja devia ser despertada por umaPreparação para a Crise Final 27
voz de alarma, e o povo devia ser chamado a uma conversão autên-tica, profunda, e de todo o coração. Em outras palavras, devia efe-tuar-se uma reforma espiritual no seio da igreja, em preparação para os grandiosos acontecimentos do fim.
Não há dúvida de que temos chegado à própria véspera da hora suprema, e de que este chamado para uma conversão genuína e uma reforma cabal na vida de cada um, deve ressoar por todos os recantos de Sião.
É isto o que a serva do Senhor, por autoridade divina, estabe-leceu faz anos, nos seguintes parágrafos inspirados:
Necessidade de Uma Reforma
―Um reavivamento da verdadeira piedade entre nós, eis a m
a-jor e a mais urgente de todas as nossas necessidades. Buscá-lo, de-ve ser nossa primeira ocupação. (SC 53). Importa haver diligente esforço para obter a bênção do Senhor, não porque Deus não esteja disposto a outorgá-la, mas porque nos encontramos carecidos de preparo para recebê-la. Nosso Pai celeste está mais disposto a dar Seu Espírito Santo àqueles que Lho peçam, do que pais terrenos o estão a dar boas dádivas a seus filhos. Cumpre-nos, porém, medi-ante confissão, humilhação, arrependimento e fervorosa oração, cumprir as condições estipuladas por Deus em Sua promessa para conceder-nos Sua bênção.‖ — 1ME 121.―O povo de Deus não supo
rtará a prova a menos que haja um reavivamento e uma reforma entre o povo de Deus, mas esta deve começar sua obra purificadora entre os pastores.‖ — 1T 469.―Haja uma reforma entre o povo de Deus.‖ —
MJ 317.―Tem que ter lugar um reavivamento e reforma, s
ob o ministé-rio do Espírito Santo. Reavivamento e reforma são duas coisas di-ferentes. Reavivamento significa renovação da vida espiritual, uma vivificação das faculdades do espírito e do coração, um ressurgi-mento da morte espiritual. Reforma significa reorganização, mu-dança de idéias e teorias, hábitos e práticas. A reforma não produ-zirá os bons frutos da justiça a menos que esteja ligada a um reavi-vamento do Espírito. Reavivamento e reforma devem fazer a obra que lhes é designada, e para fazerem essa obra têm de se unir.‖ — Review and Herald, 25 de fevereiro de 1902, republicado em se 42.Preparação para a Crise Final 28
―Fiquei profundamente impressionada por cenas que me foram
recentemente apresentadas à noite. Parecia haver um grande mo-vimento — uma obra de reavivamento — ocorrendo em muitos lu-gares. Atendendo ao chamado de Deus, nosso povo se estava arre-gimentando. Irmãos, o Senhor nos está falando. Escutar-Lhe-emos nós a voz? Não espevitaremos nossas lâmpadas, e não agiremos como homens que esperam a vinda de seu Senhor? Este tempo exi-ge portadores de luz, requer ação.‖ — 3TS 441.―Antes de os juízos finais de Deus caírem sobre a Terra, hav
e-rá, entre o povo do Senhor, tal avivamento da primitiva piedade como não fora testemunhado desde os tempos apostólicos. O Espí-rito Santo e o poder de Deus serão derramados sobre Seus filhos.‖ — GC 464.Características da Reforma
Satanás, porém, tem estado a trabalhar
– assiduamente para desviar a autêntica reforma espiritual que o Senhor quer operar no seio da igreja. Este tem sido o método do grande inimigo desde os dias antigos: adulterar o verdadeiro e oferecer uma falsificação, para promover a desordem, o caos e a perdição, em lugar da verda-deira conversão e a vida eterna.Falsificação satânica da reforma
Declara a pena inspirada:
―Em todo
avivamento está ele (Satanás) pronto para introduzir os de coração não santificado e desequilibrados de espírito.,. Ne-nhuma reforma, em toda a história da igreja, foi levada avante sem encontrar sérios obstáculos. Assim foi no tempo de S. Paulo. Onde quer que o apóstolo fundasse uma igreja, alguns havia que profes-savam receber a fé, mas introduziam heresias que, uma vez aceitas, excluiriam finalmente o amor da verdade.‖ — GC 396.―Germinara por toda parte a semente que Lutero lançara …
Passou (Satanás) a tentar o que havia experimentado em todos os outros movimentos de reforma — enganar e destruir o povo apre-sentando-lhe uma contrafação em lugar da verdadeira obra. Assim como houve falsos cristos no primeiro século da igreja cristã, surgi-ram também falsos profetas no século dezesseis.‖ — GC 186.Preparação para a Crise Final 29
O mesmo que fez em épocas passadas tem o pai da mentira estado a fazer em nosso tempo. Procura hoje desorganizar o movi-mento adventista e confundir os filhos de Deus.
É assim que, tanto em nossa história como movimento, como particularmente nestes últimos anos, têm surgido inúmeros grupos dissolventes que a si mesmos se denominam
―reformistas‖, quando na realidade só fazem destruir. Sua obra não resistiu à prova bíbli-ca: ―Por seus frutos os conhecereis.‖ S. Mat. 7:16.Espírito de discórdia e revolução
Um traço muito comum nos falsos movimentos de reforma é o espírito de discórdia, revolução e crítica destrutiva, particular-mente em relação aos dirigentes da igreja. Adverte o Espírito de Profecia:
―É chegado o tem
po para se realizar uma reforma completa. Quando esta reforma começar, o espírito de oração atuará em cada crente e banirá da igreja o espírito de discórdia e luta.‖ — 3TS 254. (SC 53).Em outras palavras, o primeiro fruto de uma reforma é a eli-minação da discórdia, da crítica e do espírito de revolução dentre os que são por ela afetados.
Ao descrever vários dos falsos movimentos de reforma, a mensageira do Senhor diz o seguinte a respeito do promotor de um deles:
―Ele pensava que Deus havia passado por a
A respeito de outro ela escreveu:
lto todos os obrei-ros dirigentes e‘ havia dado a ele a mensagem.‖ Então diz ela que procurou ―mostrar-lhe que estava errado.‖ — 2ME 64.―Disse ele que todos os dirigentes da igreja cairiam devido à
exaltação própria, é outra classe de homens humildes apareceria em cena, que fariam coisas maravilhosas. … Este homem pretendia crer nos testemunhos. Pretendia que eram a verdade, e os usava … para dar força e aparência de verdade a suas pretensões.‖ — 2ME 64 e 65.Sobre este homem e sua mensagem, declarou ela:
Preparação para a Crise Final 30
―Recebi esta palavra do Senhor: Não lhe deis crédito, porque Eu não o enviei.‖ Disse
-lhe ela que ―sua mensagem não era de Deus; que ele estava enganando os incautos.‖ — 2ME 65.Ainda a respeito de outro, que pretendia ter uma mensagem especial para a igreja, escreveu ela:
―O mesmo espírito acusador estava nele, isto que (segundo
e-le) a igreja estava completamente errada e Deus estava chamando um povo que operaria milagres.‖ — 2ME 66.Sempre que um desses assim chamados movimentos de re-forma suscite um espírito de crítica destrutiva contra os dirigentes da obra e contra a organização da igreja, fazendo eclodir o
Ainda que tais movimentos, para angariar adeptos, pretendam no início pertencer ao povo adventista e simulem manifestar zelo pela obra de Deus, terminam sempre na formação de setores sepa-ratistas. Não suportam a prova do tempo, embora às vezes causem grande mal temporariamente, desencaminhando pessoas sinceras mas não de todo firmadas na verdade.
―espírito de discórdia e de revolução‖, saibamos desde logo, sem qualquer outra análise, que é Satanás que o encabeça, e que se trata de uma falsificação da verdadeira reforma.Satanás age com energia e engano
―Em todo aviva
mento da obra de Deus o príncipe do mal está desperto para atividade mais intensa; aplica atualmente todos os seus esforços em preparar-se para a luta final contra Cristo e Seus seguidores.‖ — GC 593.
―Desperte do sono o povo de Deus, e inicie com fervor
a obra de arrependimento e reforma; investigue as Escrituras para apren-der a verdade como é em Jesus; faça uma consagração completa a Deus, e não faltarão evidências de que Satanás ainda se acha em a-tividade e vigilância. Com todo o engano possível manifestará ele seu poder, chamando em seu auxílio os anjos caídos de seu reino.‖ — GC 398.Fanatismo
Entre as armas que o diabo usará para desmontar o plano de Deus de proclamar e promover uma reforma entre o Seu povo, fi-
Preparação para a Crise Final 31
gura o fanatismo. Ele o fez nos dias dos apóstolos, na época da reforma protestante, e praticamente tendo como motivo todos os despertamentos religiosos.
―O fanatismo aparecerá em nosso próprio meio. Virão eng
a-nos, e de tal natureza que, se fora possível, desviariam até os esco-lhidos.‖ — 2ME 16.―Lutero também sofreu grande perplexidade e angústia pelo procedimento de pessoas fanáticas … E os Wesley, e outros que
abençoaram o mundo pela sua influência e fé, encontraram a cada passo os ardis de Satanás, que consistiam em arrastar pessoas de zelo exagerado, desequilibradas e profanas, a excessos de fanatis-mo de toda sorte. Guilherme Miller não alimentava simpatias para com as influências que conduziam ao fanatismo. Declarou, como o fez Lutero, que todo o espírito deveria ser provado pela Palavra de Deus … Nos dias da Reforma, os inimigos desta assacavam todos os males do fanatismo aos mesmos que estavam a trabalhar com todo o afã para combatê-lo. Idêntico proceder adotaram os oponen-tes do movimento adventista.‖ — GC 396 e 397.Todavia isto não há de ser motivo para resistir ao verdadeiro reavivamento a autêntica reforma que responde às características que irão sendo descritas adiante.
―Quando o Senhor opera mediante instrumentos humanos,
quando os homens são movidos com poder do alto, Satanás leva seus agentes a exclamar: ‗Fanatismo!‘ e a advertir o povo a não ir a extremos. Cuidem todos quanto a soltar esse brado; pois, conquan-to haja moedas falsas, isso não diminui o valor da que é genuína. Porque há reavivamentos e conversões espúrios, não se segue daí que todos os reavivamentos devam ser tidos em suspeita. Não mos-tremos o desprezo que os fariseus manifestavam quando disseram: ‗Este homem recebe pecadores.‘ S. Luc. 15:2‖ — OE 170.“
Nova luz”Outro dos métodos que o arquienganador utiliza para ludibri-
ar as almas incautas é a proclamação de alguma‘ ‗nova luz‖. E cer-to que o povo de Deus poderá ir vendo ampliações das verdades fundamentais já solidamente estabelecidas. Dessa luz provirá a compreensão de profecias que se estão cumprindo. Porém devemos ter em conta a seguinte instrução:Preparação para a Crise Final 32
―Quando o poder de Deus testifica daquilo que é a verdade, e
s-sa verdade deve permanecer para sempre como a verdade. Não de-vem ser agasalhadas nenhumas suposições posteriores contrárias ao esclarecimento que Deus proporcionou.‖ — 1ME 161.A autêntica nova luz deve ter os seguintes elementos identifi-cadores:
1)
Estará cem por cento em harmonia com a Palavra de Deus, e não corresponderá a alguma interpretação caprichosa ou carente de fundamento bíblico.―Surgirão homens e mulheres proclamando possuir alguma
nova luz ou alguma nova revelação, e cuja tendência é abalar a fé nos marcos antigos. Suas doutrinas não resistem à prova da Palavra de Deus. Mesmo assim, almas serão enganadas.‖ — 2TS 107.2)
Não contraditará nenhuma das verdades básicas }á solida-mente estabelecidas como pilares inamovíveis na organização do povo de Deus.―Deus não dá a um homem luz contrária à estabelecida fé do
corpo de crentes. Em toda reforma, surgiram homens pretendendo isso.‖ — 2TS 103.3)
Os que proclamam a nova luz não estarão enfatuados com a idéia de que são superiores a seus irmãos, e de que Deus os esco-lheu passando por alto o Seu povo. Esta é, de maneira geral, a posi-ção dos assim chamados ―movimentos de reforma‖.―Deus
não esqueceu o Seu povo, escolhendo um homem iso-lado aqui e outro ali, como os únicos dignos de que lhes confie a verdade.‖ — 2TS 103.―Ninguém confie em si mesmo, como se Deus lhe houvesse
conferido luz especial acima de seus irmãos. Cristo é representado como habitando em Seu povo.‖ — 2TS 103.Características adicionais da verdadeira reforma:
1)
Espírito de oração.2)
Espírito de sincera conversão.3)
Espírito abnegado e generalizado de trabalho missioná-rio.4)
Espírito de louvor e ação de graças.Preparação para a Crise Final 33
São esses os pensamentos que sugerem os seguintes parágra-fos inspirados:
―Em visões da noite passaram perante mim representações de
um grande movimento reformatório entre o povo de Deus. Muitos estavam louvando a Deus. Os enfermos eram curados, e outros mi-lagres eram operados. Viu-se um espírito de intercessão tal como se manifestou antes do grande dia de pentecoste. Viam-se centenas e milhares visitando famílias e abrindo perante elas a Palavra de Deus. Os corações eram convencidos pelo poder do Espírito Santo, e manifestava-se um espírito de genuína conversão. Portas se abri-am por toda parte para a proclamação da verdade. O mundo parecia iluminado pela influência celestial. Grandes bênçãos eram recebi-das pelo fiel e humilde povo de Deus. Ouvi vozes de ações de gra-ças e louvor, e parecia haver uma reforma como a que testemu-nhamos em 1844.‖ — 3TS 345.O Coração da Reforma: A Pregação da Mensagem a Laodicéia e a Justificação pela Fé
A reforma se produzirá de maneira fundamental no seio da igreja como resultado da aceitação da mensagem da Testemunha Fiel à igreja de Laodicéia. É esta uma mensagem de Cristo a Sua igreja, que abate a enfatuação e o engano da justiça e suficiência próprias, produzindo um espírito de sincero arrependimento, con-fissão e limpeza do pecado, levando o contrito ao pé da cruz para aceitação da justiça de Cristo.
Na hora da crise por que passará a igreja não haverá meio-termo.
Os que não aceitam esta mensagem, e preferem continuar sendo mornos, formais, cheios de justiça própria, cairão durante a sacudidura e se perderão. Esclarece a mensageira do Senhor:
―O que não é comigo, é contra Mim; e o que comigo não ajunta, espalha.‖ S. Lucas 11:3. Os que aceitam esta franca mensa-gem de carinho (Apoc. 3:14-22), colherão em sua vida e em sua experiência benditos resultados, a saber: uma verdadeira conversão, separação do mundo, vitória sobre o pecado e entrega completa da vida a Deus. Esta é a essência da reforma autêntica que se há de produzir na igreja, bem como em cada coração individualmente.Preparação para a Crise Final 34
―Perguntei a significação da sacudidura que eu vira, e foi
-me mostrado que era determinada pelo testemunho direto contido no conselho da Testemunha Verdadeira à igreja de Laodicéia … Al-guns não suportarão esse testemunho direto. Levantar-se-ão contra ele, e isto é o que determinará a sacudidura entre o povo de Deus.‖ — PE 270.Da maneira em que é esta mensagem recebida depende nada menos que o destino da igreja. Há de levar a profundo arrependi-mento. Todos que a recebem serão purificados:
―Vi que o testemunho da Testemunha Verdadeira não teve a
metade da atenção que deveria ter. O solene testemunho de que de-pende o destino da igreja tem sido apreciado de modo leviano, se não desatendido de todo. Tal testemunho deve operar profundo ar-rependimento; todos os que o recebem de verdade, obedecer-lhe-ão e serão purificados.‖ — PE 270.Uma franca mensagem de carinho
―
Ao anjo da igreja que está em Laodicéia, escreve: Isto diz o Amém, a Testemunha Fiel e Verdadeira, o princípio da criação de Deus: Eu sei as tuas obras.‖ Apoc. 3:14 e 15.―A mensagem à igreja de Laodicéia é uma impressionante
a-cusação, e é aplicável ao povo de Deus no tempo presente.‖ — 1TS 327.O autor da mensagem é ninguém menos que Cristo, nosso Salvador, e também nosso maior amigo. Ele é fiel e verdadeiro; ama-nos, porém não nos adula, porque quer nossa felicidade, nossa salvação. Ele nos fala com carinho e sinceridade. Sua mensagem é direta, porém plena de misericórdia.
Diz-nos:
―Eu sei as tuas obras.‖ Fala-nos Aquele que nos co-nhece, e conhece-nos melhor do que nós mesmos nos conhecemos, porque o coração humano é enganoso (Jer. 17:9). E é uma mensa-gem muito necessária, particularmente por causa da condição en-ganadora a seu próprio respeito e em que se encontra Laodicéia. Portanto, sendo que só Deus nos conhece, nossa atitude em face desta mensagem deve ser a do salmista: ―Sonda-me, ó Deus, e co-nhece o meu coração … e vê se há em mim algum caminho mau, e guia-me pelo caminho eterno.‖ Sal. 139:23 e 24.Preparação para a Crise Final 35
Esta mensagem tem uma aplicação eminentemente individu-al, e seu resultado coletivo se produz tão-somente na medida em que cada um a aceite e pratique em sua vida pessoal. A Testemunha Fiel fala no singular.
“
És morno”Que nos diz Aquele que conhece nosso coração?
―Não és frio nem quente. Oxalá foras frio ou quente! As
Nos primeiros, tempos da história da igreja recebemos esta instrução:
sim, porque és morno, e não és frio nem quente, vomitar-te-ei da Mi-nha boca.‖ Apoc. 3:15 e 16.―A mensagem laodiceana aplica
-se ao povo de Deus que pro-fessa crer na verdade presente. A maior parte, são professos mor-nos, tendo o nome mas faltando-lhes o zelo … Aplica-se a esta classe o termo ―morno‖. Professam amar a verdade, todavia são de-ficientes no fervor e no devotamento cristão. Não ousam desistir inteiramente e correr o risco dos incrédulos; não se acham, no en-tanto, dispostos a morrer para o próprio eu e seguir exatamente os princípios de sua fé … Não se empenham inteiramente e de cora-ção na obra de Deus, identificando-se com seus interesses; mas se mantêm afastados, e estão prontos a deixar seus postos quando os interesses mundanos, pessoais o exijam. Carecem da obra interior da graça no coração.‖ — 1 TS 476 e 477.Graças a Deus que muitos, por haverem permitido em sua vi-da a obra poderosa do Espírito, não participam desta condição de tibieza ou mornidão. Mas não deixa de ser penosa a realidade de que uma grande parte de Laodicéia é constituída de mornos que apenas professam a verdade. Isto reclama uma decidida reforma.
São quatro os elementos que produzem esta mornidão:
1)
―São deficientes na devoção e fervor cristão.‖ Necessi-tamos viver diariamente uma vida de comunhão com Deus, uma vida de oração e estudo de Sua Palavra. Urge darmos a devida consideração a nossas necessidades espirituais, para su-pri-Ias com o poder divino.Preparação para a Crise Final 36
2)
―Não estão dispostos a morrer para o eu e a seguir de perto os princípios de sua fé.‖ Uma conversão a meio não nos poderá salvar. ―Convertei-vos a Mim de todo o vosso cora-ção‖, diz o Senhor. Um coração dividido não nos dará a vitó-ria. Cristo pede a posse completa de nossa vida. O eu deve morrer definitivamente para que Cristo domine no trono do co-ração.3)
―Não se empenham de maneira cabal e de coração na obra, identificando-se com os seus interesses. ―Não dedicam suficiente tempo, interesse, trabalho e recursos na causa de Deus.4)
―Falta em seu coração a obra interior da graça.‖ Deus quer realizá-la plenamente na vida de cada um de nós. ―Aquele que começou em vós a boa obra‖, diz Paulo, ―a aperfeiçoará até o dia de Jesus Cristo.‖ Filip. 1:6. Graças a Deus que Ele quer, e pode fazê-lo. Mas necessita de nosso consentimento, nosso sincero interesse, nossa franca cooperação.“
Vomitar-te-ei de Minha boca”A água morna produz náuseas, podendo ser administrada co-mo vomitório em caso de intoxicação. Também a indiferença e falta de conversão é repulsiva a Deus, e os que nela perseveram terão que ser despedidos do amoroso seio do Pai.
O coração de Jesus se compadece dessa mornidão e debilida-de. Expressa seu fervente desejo de que a situação mude:
―Oxalá foras frio ou quente.‖―Seria mais aceitável para o Senhor que os membros mornos
que professam a religião nunca se houvessem chamado pelo Seu nome. São um peso contínuo para os que desejam ser fiéis seguido-res de Jesus. São pedras de tropeço para os incrédulos.‖ — 1T 188.Esta não necessita ser, porém, a situação de nenhum filho de Deus. A clareza da revelação divina se propõe levar ao nosso âni-mo o alarma que nos induza a uma reforma de vida, a qual se tra-duz por sua vez numa obra profunda e convertedora da graça de Cristo.
Preparação para a Crise Final 37
A enfatuação espiritual e a justiça própria
O cerne da mensagem da Testemunha Fiel é constituído por esta outra alarmante revelação:
Os filhos de Deus que participam da condição de Laodicéia são apresentados numa posição de segurança carnal, e numa atitude de grave justiça própria. Estão tranqüilos. Crêem-se numa exaltada condição espiritual. Porém o seu estado é deplorável à vista de Deus. E eles não o sabem. Estão enganados.
―Como dizes: Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta; e não sabes que és um desgraça-do, e miserável, e pobre, e cego, e nu.‖ Apoc. 3:17.―A mensagem de Laodicéia se aplica aos adventistas do sétimo
dia que têm recebido grande luz e não têm andado nela. São os que têm feito uma grande profissão mas não se têm mantido em passo com o seu Diretor, os que serão vomitados de Sua boca a menos que se arrependam.‖ — 2ME 66.A mensagem quebranta sua segurança com 2, surpreendente denúncia de sua verdadeira situação de cegueira, pobreza e miséria espirituais.
Essa enfatuação é particularmente grave porque põe a sua ví-tima fora do alcance do poder redentor de Deus. O reconhecimento de nossa condição é requisito indispensável para que o plano res-taurador divino possa verificar-se em nosso favor.
―
Quem são, pois, os sãos, já que são não há nenhum? São os presumidos espirituais, os que estão cheios de justiça própria, como o fariseu da parábola. Não podem eles ser perdoados nem justifica-dos enquanto conservam sua atitude.
Daí, pois, o conselho:
Os sãos não necessitam de médico, mas, sim, os enfermos‖, declarou o Senhor. E acrescentou: ―Eu não vim chamar os justos, mas sim os pecadores.‖ S. Marcos 2:17. A verdade, sem dúvida, é que não há um só justo, ―pois todos pecaram, e estão destituídos da glória de Deus‖. Rom. 3:10 e 23.―Arrepende-te‖ (verso 19). O arrepen-dimento implica: a) reconhecimento do pecado; b) tristeza pelo pecado; c) desejo de abandoná-lo. De que pode arrepender-se, po-rém, um coração cheio de justiça própria? Como pode alcançar o perdão e a misericórdia divina?Preparação para a Crise Final 38
Não há nada que torne mais inacessível ao coração o poder do evangelho do que esta soberba espiritual, este engano, esta justi-ça própria. E o pólo oposto da justificação pela fé, caminho único para alcançar perdão e vitória.
Este sentimento de
Esta mensagem nos beneficiará se oferecermos nossa volun-tária cooperação e sincero interesse. Declarou a pena inspirada:
―sou rico‖ é talvez o grau mais absoluto da justiça própria, que o profeta Isaías classifica como‘ ‗trapos de imundícia‖. Isa. 64:6. O que participa desse espírito possui uma vida desprovida de frutos, como a figueira estéril, que apesar de ostentar abundante folhagem de presunção, carecia por completo de frutos. Com razão queria Paulo fugir dessa condição, quando disse: ―Não tendo a minha justiça que vem da lei, mas a que vem pela fé em Cristo, a saber, a justiça que vem de Deus pela fé.‖ Filip. 3:9.―Foi
-me mostrado que o testemunho aos de Laodicéia se apli-ca aos filhos de Deus da atualidade, e que o motivo pelo qual não foi realizada uma grande obra é a dureza dos seus corações. Porém Deus tem dado à mensagem tempo para fazer sua obra. O coração deve ser purificado dos pecados que por tanto tempo têm excluído a Jesus. Esta terrível mensagem fará sua obra.―Quando foi apresentado pela primeira vez, levou a um íntimo
esquadrinhamento do coração. Os pecados foram confessados, e o povo de Deus foi comovido por toda parte.―Tem por objetiv
o despertar os filhos de Deus, revelar-lhes seus erros, e levá-los a um zeloso arrependimento, para que sejam favorecidos pela presença de Deus e preparados para o forte clamor do terceiro anjo.‖ — 1T 185 e 186.Um remédio eficaz
A amorável mensagem da Testemunha Fiel, porém, não se limita à denúncia da triste condição espiritual de Laodicéia. Ela não somente diagnostica a doença com pleno conhecimento de sua cau-sa, mas oferece o remédio
— um remédio radical para curar a alma de seus males. É realmente uma mensagem de consolo. ―Aconse-lho-te‖, diz Jesus, ―que de Mim compres ouro provado no fogo, para que te enriqueças; e vestidos brancos, para que vistas, e nãoPreparação para a Crise Final 39
apareça a vergonha da tua nudez; e que unias os teus olhos com colírio, para que vejas.
A tríplice condição do povo de Laodicéia
Que representam estes três símbolos?
‖ Verso 18.— pobre, cego, nu — cura-se com o tríplice e maravilhoso remédio do Céu: a) ouro purificado no fogo, para enriquecer; b) vestidos brancos, para co-brir a nudez; c) colírio, para ver.―O ouro aqui recomendado como tendo sido provado no fogo,
é fé e amor. Ele enriquece o coração; pois foi purgado até tornar-se puro, e quanto mais é provado tanto mais intenso é seu brilho.―Os vestidos brancos são a pureza de caráter, a justiç
a de Cris-to comunicada ao pecador. E na verdade uma vestimenta de textura celeste, que só se pode comprar de Cristo por uma vida de voluntá-ria obediência.―O colírio é aquela sabedoria e graça que nos habilitam a di
s-tinguir entre o mal e o bem, e perceber o pecado sob qualquer dis-farce.‖ — 1TS 477 e 478.A fé e o amor
A fé e o amor, representados pelo ouro refinado no fogo, são dois importantes frutos do Espírito Santo. Sobre sua importância a Sra. White escreve:
―Foi
-me mostrado que o ouro mencionado por Cristo, a Tes-temunha Fiel, que todos devemos possuir, é a fé e o amor combi-nados, e o amor precede a fé. Satanás está trabalhando constante-mente para tirar do coração do povo de Deus estes preciosos dons. Todos estão empenhados no jogo da vida. Satanás sabe muito bem que se conseguir extirpar o amor e a fé, colocando em seu lugar egoísmo e incredulidade, todos os traços preciosos restantes serão habilmente eliminados por suas mãos enganadoras, e o jogo estará perdido.‖ — 2ME 36 e 37.O amor é a essência e a maior súmula da lei, o supremo prin-cípio guiador de uma vida convertida, semelhante à de Cristo. Sem amor não há cristianismo, pois o apóstolo diz:
―Aquele que não ama não conhece a Deus, porque Deus é caridade (amor).‖ I S. Jo-ão 4:8.Preparação para a Crise Final 40
O amor transforma radicalmente o panorama da vida (Gál. 5:19-23). Elimina a ambição e egoísmo, criando a generosidade, a benevolência, o interesse no progresso da obra e no bem-estar do próximo.
O amor anula os ressentimentos, a inveja e os ciúmes, substi-tuindo-os por bondade, longanimidade e cordialidade. Dissipa as contendas e a luta desleal; mata a ambição egoísta; neutraliza o ódio; apaga o rancor e a ira, e introduz a paz, a boa vontade e o gozo. Afugenta o temor e a desconfiança.
Juntamente com o perdão do pecado obtido pela fé em Cristo, o amor é a terapia mais admirável para os males do espírito, a me-lhor solução para os problemas emocionais, e por sua vez um pode-roso medicamento para a cura de muitas enfermidades psicossomá-ticas.
A única forma de ter amor é apropriar-se de sua fonte bendi-ta: Cristo Jesus. Por isto o apóstolo Paulo aconselha:
A fé, por sua vez, junto com o amor, nos permite viver cons-tantemente na plácida atmosfera do Céu. Estabelece entre nossa alma e Deus um vínculo tão inquebrantável que nada nem ninguém pode romper, exceto o pecado. Torna acessível a nós o perdão de Deus e o Seu poder para viver uma vida que valha a pena. Põe à nossa disposição 9 cumprimento de todas as promessas de Deus. E um princípio ativo que se manifesta na vida por meio de uma obe-diência voluntária aos mandamentos do Senhor.
―Para que Cristo habite pela fé em vossos corações; a fim de, estando arraiga-dos e fundados em amor, poderdes perfeitamente compreender … o amor de Cristo.‖ Efés. 3:17. Quando Cristo faz Sua entrada triunfal no coração e toma posse da vida — ―vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim‖ (Gál. 2:20) — o amor chega a ser a motivação su-prema: ―O amor de Cristo nos constrange.‖ II Cor. 5:14.A Justificação pela fé
Os vestidos brancos, que representam a justiça de Cristo apli-cada à vida do pecador, constituem um manto de confecção celesti-al, feito diretamente nos teares do Céu. Estes vestidos só podem ser obtidos pela fé.
Preparação para a Crise Final 41
O problema da obtenção da justiça por parte do homem‘ é tão
O pecado constitui a pior de todas as enfermidades humanas. Separa o homem de Deus e o sub-merge na tristeza e no desespero. Uma grande proporção dos milhares e milhares de enfermos neuró-ticos que desfilam pelos consultórios médicos e psiquiátricos em busca de alívio estão atormentados pelo sentimento de culpa. Faz algum tempo fiquei profundamente impressionado enquanto viaja-va por algumas importantes cidades latino-americanas, ao ver lon-gas filas de homens e mulheres, jovens e anciãos, esperando a vez de ajoelhar-se ante um confessionário. Em algumas igrejas havia até seis longas filas desse tipo. Eram almas que buscavam a justifi-cação.
Há dois métodos ensaiados pelos homens para alcançar a jus-tificação. O primeiro é o esforço próprio, ou seja, o cumprimento da lei, na prática de obras meritórias a fim de alcançar o favor de Deus. Este é o método mais generalizado. Mas é antibíblico e com-pletamente ineficaz. O outro método consiste em reconhecer a pró-pria incapacidade, manifestando então fé no sacrifício de Cristo em nosso favor. Este é o único caminho que leva a Deus.
A verdade é que os próprios filhos de Deus podem perder de vista às vezes uma das verdades mais importantes da Bíblia, qual
A tendência do que pertence a Laodicéia é deixar-se induzir à justiça própria. Pode chegar a pensar que pelo fato de conhecer este maravilhoso conjunto de verdades bíblicas, solidamente estabeleci-das e logicamente elaboradas, adquiriu uma excelência espiritual que o coloca acima dos demais cristãos. Deixa-se tentar com o pen-samento de que a observância dos preceitos da santa lei de Deus lhe
antigo como o pecado. Desde o dia em que nossos primeiros pais violaram a lei de Deus e se tornaram passíveis de morte eterna, a humanidade tem estado a buscar com ansiedade a maneira de al-cançar de novo a justiça, ou seja, um estado espiritual que a recon-cilie com Deus. O homem tem sentido genericamente através de sua história o peso da culpabilidade. Um dos amigos de Jó expres-sou-o numa angustiosa pergunta do fundo da alma: ―Como, pois, se justificaria o homem para com Deus?‖ Jó 25:4.seja a de que‘ ‗nenhuma carne será justificada diante dEle pelas obras da lei‖. Rom. 3:20.Preparação para a Crise Final 42
granjeia o favor divino e lhe abre as portas do Céu como um direi-to, chegando a arrazoar como o fariseu da parábola. É possível que comece a dizer a si mesmo, quando não em voz alta:
―
Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta.‖ Mas o Senhor lhe responde: ―Não sabes que és um desgraçado, e miserá-vel, e pobre, e cego, e nu.‖ E então lhe indica o remédio: ―Aconse-lho-te que de Mim compres … vestidos brancos‖, vale dizer, a jus-tiça única que tem valor, a justiça de Cristo.―
As boas obras, como veremos mais adiante, entram no quadro de nossa salvação, não como algo feito para nos justificarmos, não como argumento para alcançar o favor divino, não como o preço para comprar o Céu. As boas obras, a obediência, aparecem como resultado de nossa justificação, co-mo uma evidência de nossa fé, como demonstração do poder de Deus que atua em nossa vida, e como preparação para a vida eterna. Porém o único direito à vida eterna é mediante a justiça de Cristo que nos é imerecidamente imputada por Ele, na base de nossa fé.
Todos nós somos como imundos, e todas as nossas justiças como trapos de imundícia‖, diz o profeta Isaías. Coisa alguma que o homem faça para ganhar o favor de Deus tem valor algum. Os únicos méritos que o homem pode invocar são os de Cristo, que está disposto a lançar sobre a vergonha de nossa nudez o manto puríssimo de Sua perfeita justiça.―
A aquisição, porém, deste maravilhoso vestido branco que Cristo nos oferece tem condições indispensáveis:
Regozijar-me-ei muito no Senhor‖, declara Isaías, o profeta evangélico, ―a minha alma se alegra no meu Deus; porque me ves-tiu de vestidos de salvação, me cobriu com o manto de justiça.‖ Isa. 61:10. Somente quando este manto admirável — feito da morte expiatória de Cristo e de Sua vida perfeita em nosso favor — cobre a nudez humana, o homem aparece perfeito à vista de Deus, e é justificado com a única justiça eficaz, que é a justiça de Cristo.1)
O reconhecimento da própria pecaminosidade, incapa-cidade e indignidade. Em outras palavras, um arrependimento sincero. Por isto a mensagem de Laodicéia é uma mensagem de arrependimento. ―Arrepende-te‖, diz Cristo. Afasta o teuPreparação para a Crise Final 43
orgulho, abandona tua enfatuação espiritual. Quebranta o teu coração diante do Senhor ao cair sobre a Rocha da tua salva-ção.
2)
O apropriar-se pela fé da justiça de Cristo, que Ele de-seja primeiro imputar-nos, e então conceder-nos.―
A pena inspirada expõe em breves parágrafos, porém magis-trais, a verdadeira essência da justificação pela fé.
Concluímos pois‖, diz Paulo, ―que o homem é justificado pela fé sem as obras da lei.‖ Rom. 3:28.―O que é justificação pela fé? —
É a obra de Deus ao lançar a glória do homem no pó e fazer pelo homem aquilo que ele por si mesmo não pode fazer.‖ — TM 456.Duas classes de justiça
Em outra magnífica condensação do problema, a serva de Deus diz:
―É imputada a justiça pela qual somos justificados; aquela pela
qual somos santificados, é comunicada. A primeira é nosso título para o Céu; a segunda, nossa adaptação para ele.‖ — MJ 35.Neste parágrafo tão iluminador, são-nos patenteados dois momentos distintos do processo de nossa salvação, dois aspectos diversos do plano de redenção, que são de certa forma sucessivos, porém simultâneos; duas diferentes fases da mesma justiça de Cris-to, a única que satisfaz a Deus e nos faz santos. Analisemos de forma esquemática estas duas fases:
A)
A Justiça de Cristo pela qual somos justificados:1.
É-nos imputada, vale dizer, creditada, adjudicada gra-tuitamente, sem merecimento de nossa parte.2.
É nosso direito ao Céu. É o único mérito que podemos invocar.3.
Justifica-nos, quer dizer, converte-nos em justos à vista de Deus.4.
Recebemo-la exclusivamente pela fé, de maneira gratui-ta e imerecida.Preparação para a Crise Final 44
–
Efés. 2:8 e 9: ―Pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós; é dom (presente) de Deus; não vem das obras, para que ninguém se glorie.‖ – Rom. 3:24: ―Sendo justificados gratuitamente por Sua graça, pela redenção que há em Cristo Jesus.‖ – Rom. 5:1: ―Sendo pois justificados pela fé, temos paz com Deus, por nosso Senhor Jesus Cristo.‖5.
A fé implica arrependimento, confissão e aceitação de Cristo como Salvador. Significa que nós outros vamos a Deus; que nos salvamos na base do plano de que, se pedirmos, rece-beremos aquilo que solicitamos.B)
A justiça de Cristo pela qual somos santificados:1.
É-nos concedida num processo paulatino e interno de crescimento cristão.2.
É nossa idoneidade, ou preparo para o Céu.3.
Santifica-nos, ou seja, converte-nos em santos, trans-formando nosso caráter.4.
Também a recebemos por meio da fé.A santificação ou justiça comunicada
As vestes brancas que a Testemunha Fiel nos aconselha a de-la comprar representa a justificação, ou seja, a justiça imputada de Cristo, por meio da qual a nudez se cobre e o pecado fica perdoado. Representam também a etapa seguinte e complementar, a santifica-ção, ou seja, a justiça comunicada. Esta abarca a vitória sobre o pecado, a transformação paulatina do caráter, o crescimento cristão, o triunfo sobre as fraquezas e imperfeições.
Ao passo que a justificação é um fenômeno instantâneo
O certo é que a santificação e a vitória sobre o pecado são um complemento indispensável da justificação ou o perdão de Deus. Seria tão ilógico conformar-se com o primeiro passo sem o segun-do, como ilógico seria permanecer alguém na ante-sala no caso de
— pois Deus nos perdoa e nos purifica no momento mesmo em que nos arrependemos, confessamos o pecado e pedimos perdão (I S. João 1:7-9) — a santificação é um processo que dura toda a vida.Preparação para a Crise Final 45
uma audiência, quando é chegado o momento de termos a entrevis-ta e somos convidados a entrar para falar com quem desejamos.
~~~~~~
A cruz grande representa o momento em que o pecador aceita a Cristo, arrepende-se de seus pecados e os confessa pela primeira vez. Imediatamente a justiça de cristo lhe é imputada e ele é perdoado. Dá-se o novo nascimento e inicia-se uma nova vida em busca da perfeição.
Não obstante, em sua marcha progressiva, o homem convertido pode cair. Cada vez que isso acontece, repete-se a experiência da justiça imputada e o permite receber perdão. Assim o homem levanta-se para continuar sua marcha ascendente. Deste modo, o processo da justiça co-municada
— que o prende ao ideal — combina-se com a justiça imputada que o leva a reconcili-ar-se com Deus.~~~~~~
A paz outorgada pelo perdão e a reconciliação com Deus tor-na-se muito breve se não é acompanhada de um processo de mu-dança de vida que nos faça odiar o pecado e nos permita abandoná-lo, alcançando sempre maiores alturas.
A justificação é nosso direito ao Céu. O ladrão na cruz, sem ter tido oportunidade de viver um apreciável período de tempo de-pois do perdão do pecado, foi salvo. A aplicação da justiça imputa-da de Cristo nos apresenta perfeitos e completos à vista do Céu. Deus, olhando das alturas, já não vê nossos andrajos espirituais, não vê a vergonha de nossa nudez, mas sim o precioso manto de perfeição com que nos cobriu. Não vê a história do pecado do ho-mem arrependido e contrito, mas a perfeição absoluta da vida de Cristo, que por ele Viveu e morreu.
Mas o direito ao Céu não basta. Necessitamos da idoneidade para viver ali. Necessitamos da preparação para isto. Se ganhásse-mos um concurso em virtude do qual uma companhia de aviação
―Produzi, pois, frutos dig-nos de arrependimento.‖ S. Mat. 3:8.Preparação para a Crise Final 46
nos outorgasse uma passagem gratuita para viajar por algum país extremamente frio, teríamos ainda de prover
– nos de roupa apro-priada para o tempo em que ali permanecêssemos. Portanto o Se-nhor espera de nós que preparemos o nosso caráter para o Céu, que nos exercitemos na obediência a Sua vontade e a Seus preceitos, que andemos na luz que Ele faz resplandecer em nosso caminho, que avancemos cada dia um passo mais no caminho da perfeição. E assim poderemos ser sempre perfeitos com relação a nossa idade em Cristo, cumprindo o mandamento de Jesus: ―Sede vós perfeitos, como é perfeito o vosso Pai que está no Céu.‖ S. Mat. 5:48.O Segredo da Vitória
Também para alcançar esses resultados temos de depender por completo de Cristo. A base da justiça comunicada é igualmente a fé. Porém a fé é um princípio ativo que nos induz a renunciar ao eu, e a entregar-nos inteiramente ao Senhor para que Ele viva em nós.
A distância entre a perfeição relativa a nossa esfera
Por outro lado, Cristo não só cumpriu a lei na cruz, pagando a pena exigida por esta de nós, mas também cumpriu a lei vivendo em nós e dando-nos a vitória.
A santificação é a obra de Deus em nossa vida. À mulher a-dúltera, depois de perdoada, Cristo disse:
— que pela graça de Deus tivermos alcançado — e a perfeição absoluta que é o alvo final, o Senhor Jesus Cristo a supre em todo o momen-to com Sua justiça imputada. Porque Ele não só nos imputa ou atri-bui os méritos de Seu sangue — o que nos livra da morte — mas também nos atribui os méritos de Sua vida perfeita.―Vai, e não peques mais.‖ S. João 8:11. O apóstolo Pedro faz-se eco do plano de Deus para o homem, quando diz: ―Como é santo Aquele que vos chamou, sede vós também santos em toda a vossa maneira de viver.‖ I S. Ped. 1:15. E o apóstolo S. João declara: ―Estas coisas vos escrevo, para que não pequeis.‖ I S. João 2:1. E mais tarde explica: ―Qualquer que é nascido de Deus não comete pecado‖ de maneira voluntária (I S. João 3:9).~~~~~~
Preparação para a Crise Final 47
A justiça imputada, de Cristo, não só produz o perdão do pecado, em virtude da morte ex-piatória de Jesus, mas aplica os méritos da vida perfeita do Mestre ao pecador, Dessa maneira, a diferença entre a perfeição comunicada e o nível da norma perfeita [diferença (B) que implica em uma mudança na vida do homem], é suprida por Cristo, por meio de Sua justiça imputada.
~~~~~~
Claro está que ao longo de nossa penosa marcha ascendente pelo caminho da santificação, ocorrem acidentes, quedas, pecados. Uma e outra vez querem as velhas fraquezas voltar a manifestar-se. Por isto a Palavra nos consola com a maravilhosa certeza do perdão de Deus alcançado por meio de Cristo. Conquanto João diga:
―Es-tas coisas vos escrevo para que não pequeis‖, ele completa a frase com a grande promessa divina: ―Mas se alguém pecar, temos para com o Pai um Advogado, Jesus Cristo, o justo.‖ E o sangue de Je-sus Cristo, Seu Filho, nos purifica de todo pecado.‖ I S. João 2:1 e 7.―Se está no coração
obedecer a Deus, se são feitos esforços nesse sentido, Jesus aceita esta disposição e esforço como o me-lhor‘ serviço do homem, e supre a deficiência, com Seu próprio mérito divino.‖ — 1ME 382.Assim se amalgamam e se integram de maneira harmoniosa, completando-se mutuamente, a justiça imputada e a justiça comu-nicada. São em essência uma mesma coisa, sob dois aspectos.
―Mais elevado do que o sumo pensamento humano pode ati
n-gir, é o ideal de Deus para com Seus filhos. A santidade, ou seja, a semelhança com Deus, é o alvo a ser atingido. A frente do estudan-te existe aberta a senda de um contínuo progresso. Tem ele um ob-Preparação para a Crise Final 48
jetivo a realizar, uma norma a alcançar, os quais incluem tudo que
é bom, puro e nobre.‖ — MJ 40.Os vestidos brancos de Apocalipse são também mencionados por Jesus na parábola das bodas, em S. Mat. 22:11-13. Havia para a festa um vestido especial previsto. O que recusou pô-lo foi expulso. Ninguém poderá participar da ceia das bodas do Cordeiro a não ser que se despoje de seu próprio caráter maculado e obtenha o caráter perfeito de Cristo.
―Pela veste nupcial da parábola é representado o caráter puro e imaculado, que os verdadeiros seguidores de Cristo possuirão … A
justiça de Cristo, Seu próprio caráter imaculado, é, pela fé, comu-nicada a todos os que O aceitam como Salvador pessoal.‖ — PJ 310.Uma mensagem de reforma
Portanto, a mensagem de Laodicéia não é somente uma men-sagem de arrependimento e justificação pela fé, mas também um convite divino para que se adquira o perfeito caráter de Cristo, Sua justiça, Sua santidade. É uma mensagem de reforma.
Sem dúvida que o processo de santificação é árduo e perma-nente. A santificação não é obra de um momento: é a colheita de toda uma existência. Mas embora se trate de uma dura batalha con-tra as potências do mal, já se inicia com a promessa de triunfo.
―Cristo, porém, não nos deu garantia alguma de que é fácil a
l-cançar perfeição de caráter. Não se herda caráter perfeito e nobre. Não o recebemos por acaso. O caráter nobre é ganho por esforço individual mediante os méritos e a graça de Cristo … E formado por combates árduos e renhidos com o próprio eu. As tendências herdadas devem ser banidas por um conflito após outro. Devemos esquadrinhar-nos detidamente e não permitir que permaneça traço algum incorreto.‖ — MJ 99.Mas apesar das dificuldades que juncam o caminho na con-quista de um caráter santo, trata-se de um alvo atingível. Deus nun-ca pede impossibilidades. Suas ordens são habilitações.
―Ninguém diga: Não posso remediar meus defeitos de caráter.
Se chegardes a esta decisão, certamente deixareis de alcançar a vi-da eterna. A impossibilidade está em nossa própria vontade. Se nãoPreparação para a Crise Final 49
quiserdes não vencereis. A dificuldade real vem da corrupção de um coração não santificado, e da involuntariedade de se submeter à
direção de Deus.‖ — MJ 99.Temos de aprender a renunciar a nós mesmos e entregar-nos voluntariamente a Cristo,
―Àquele que é poderoso para vos guardar de tropeçar, e apresentar-vos irrepreensíveis, com alegria, perante a Sua glória.‖ S. Judas 24. Temos de aprender a depender em todo momento dAquele que nos disse: ‗‗:Sem Mim nada podeis fazer‖ (S. João 15:5), e ―É-Me dado todo o poder no Céu e na Terra‖. S. Mat. 28:18. Então, com Paulo poderemos dizer: ―Tudo posso nA-quele que me fortalece.‖ Filip. 4:13. Aquilo que é impossível em virtude da debilidade da carne, Deus torna possível por meio de Cristo. (Rom. 8:3) Com o apóstolo exclamaremos: ―Graças a Deus, que sempre nos faz triunfar em Cristo Jesus!‖ II Cor. 2:14.~~~~~~
–
A roda da fé nos leva pelo aclive da santificação às alturas da vitória.–
Mas o eixo dessa roda é Cristo. Cristo é o Salvador.~~~~~~
Na base de toda esta experiência de triunfo está a fé.
―Esta é a vitória que vence o mundo‖, diz João, ―a nossa fé.‖ I S. João 5:4. A fé é a roda potente que nos faz ascender à encosta da santificação rumo às alturas da vitória; mas o poderoso eixo dessa roda é Cristo. NEle se concentra nossa esperança e nossa fortaleza. A fé por si só não é o elemento salvador, mas Cristo, sim, é o Salvador.Preparação para a Crise Final 50
É a fé que nos leva a fazer uma entrega permanente, voluntá-ria e completa. Dá-se então o grande milagre: Cristo triunfa em nós e por nós.
―Quando a alma se rende inteiramente a Cristo, novo poder
toma posse do coração. Opera-se uma mudança que o homem não pode absolutamente operar por si mesmo. E uma obra sobrenatural introduzindo um sobrenatural elemento na natureza humana. A al-ma que se rende a Cristo, torna-se Sua fortaleza, mantida por Ele num revoltoso mundo … Uma alma assim guardada pelos seres ce-lestes, é inexpugnável aos assaltos de Satanás.‖ — DTN 324.Conclusão
A mensagem da Testemunha Fiel, é pois, não apenas uma mensagem de justificação e de perdão, não só um chamado ao arre-pendimento, mas também uma mensagem de conversão total, de santificação, de reforma de vida. Esta é a verdadeira reforma que logo terá de realizar-se entre o povo de Deus, e que acelerará o der-ramamento do poder divino, na forma da chuva serôdia, a pregação do evangelho eterno e o selamento. Esta é a reforma de vida que cada um de nós necessita para transpor triunfante o tempo de an-gústia e receber o Senhor com grande alegria. Esta é a experiência que nos permitirá estar preparados para viver com Deus e com Cristo pela eternidade.
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